O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completou 34 anos no Brasil em 2024, mas a proteção a crianças e adolescentes ainda é um grande desafio. No Manhã da Mais, a apresentadora Carol Chab conversou com a pedagoga Cecília Heleno Landarin, que explicou quais fatores contribuem para a persistência da violência, como enfrentar esse problema e como denunciar.
Segundo a especialista, as crianças, de forma geral, não recebem o mesmo tratamento que os demais grupos vulneráveis em relação à violência. “As pessoas não acham aceitável bater num idoso, beliscar um colega de trabalho, gritar com um amigo ou colocar a mãe de castigo no quarto porque ela derrubou alguma coisa na mesa, por exemplo. Isso seria um absurdo. Mas, no caso da criança, todas essas práticas são justificáveis, aceitas pela nossa cultura e defendidas como modelos de educação”, argumentou Cecília.
As meninas são as mais afetadas pela violência, em especial a violência sexual, mas também física e psicológica. Para combater esse problema, a especialista explica que, em primeiro lugar, é preciso considerar o importante papel do Estado de fortalecer a família na sua função protetiva, criando leis e sensibilizando a sociedade.
Em relação aos familiares, é necessário pensar em formas de construir uma relação respeitosa e não violenta com os filhos, para impactar também as gerações futuras. “Não adianta dar uma educação violenta para a criança em casa e depois querer que ela entenda que o mundo não pode ser violento com ela. Se eu quero educar com amor e para o bem dessa criança, preciso repensar essa prática”, explicou Cecília.