Dados da Organização Mundial da Saúde revelam que o uso do tabaco acarreta, aproximadamente, 5 milhões de óbitos por ano, ou seja, 10 mil falecimentos por dia. Se o ritmo atual de consumo for mantido, o número atual de mortos poderá alcançar 10 milhões por ano em 2022. No Brasil calcula-se que 17,4% da população é fumante, sendo que a maioria é adolescente. São 2,7 milhões de consumidores de cigarros que tem idade entre 12 e 17 anos.

Quanto mais cedo se inicia o uso do fumo, maior será a possibilidade do aumento de quantidade de cigarros por dia. O aumento tende a ser progressivo. No Brasil, são 200 mil mortes a cada ano, em decorrência do hábito de fumar. Além disso, homens e mulheres fumantes tem chances três vezes maior de sofrerem de infertilidade quando comparados àqueles que não fumam.

O ginecologista e obstetra, diretor-técnico da Fertway reprodução humana, Francisco Furtado Filho, conta que apesar do fumo ter impacto em ambos os gêneros, as mulheres são mais impactadas. “As substâncias contidas no cigarro como a nicotina, o alcatrão e o monóxido de carbono, afetam o sistema reprodutor tanto em homens como em mulheres, sendo que nas mulheres elas causam a oxidação dos óvulos, o que resulta na queda do estoque e baixa qualidade.  A motilidade das tubas uterinas também pode ser alterada com o fumo, o que dificulta a entrada do embrião, caso venha a ocorrer a fecundação. Além disso, há um aumento no risco de abortamentos, de gravidez ectópica (nas tubas), e mulheres fumantes tendem a entrar antes na menopausa”, explica.

Estudos mostram que 13% da infertilidade feminina pode ser atribuída ao cigarro. “Lembrando que, 10 cigarros por dia já são o suficiente para prejudicar a fertilidade. Mulheres tabagistas crônicas entrarão mais cedo na menopausa (um a quatro anos antes), o que pode ser atribuído à aceleração da diminuição do estoque de óvulos. O hábito de fumar está associado a um aumento no risco de abortamento (aumenta em até 27%) e gravidez ectópica (gravidez nas tubas)”, explica o médico.  

Além de prejudicar a própria saúde, o hábito de fumar durante a gravidez também traz riscos ao bebê. “O cigarro na gravidez prejudica a fertilidade do filho homem. Filhos de mães fumantes têm dificuldade no aprendizado escolar. Filhos de pais fumantes têm maior chance de câncer”, enfatiza. 

Furtado também explica que fumantes têm redução nas taxas de fertilização e no crescimento dos embriões nos tratamentos de Fertilização in Vitro. “Em mulheres fumantes é mais comum a necessidade de uma maior quantidade de hormônios para estimular a ovulação, sendo comum também a realização de duas vezes mais tentativas de fertilização nesses casos”, conta.

Apesar das mulheres serem mais impactadas, os homens também sofrem muito com o tabagismo. Segundo uma pesquisa da Universidade de Saarland, na Alemanha, os homens fumantes têm menores taxas de produção de proteína P2, que impacta diretamente no desenvolvimento dos cromossomos, podendo causar a infertilidade. 

Homens que fumam também têm mais problemas de impotência. “O cigarro afeta a produção e a motilidade dos espermatozoides e causa deficiências na fecundação. No caso de fertilização assistida isso é muito danoso, pois é necessário que o homem produza espermatozoides de qualidade para que haja chances reais de fertilização”, explica o médico. 

No Manhã da Mais a jornalista Bruna Quinalha conversou com o ginecologista e especialista em reprodução humana  Francisco Furtado Filho que explioca como o tabagismo pode afetar a fertilidade.

(Foto: Canva)